quinta-feira, 23 de novembro de 2000

Europa

Veleiro na área do Museu

Exposição na FENADOCE


Aspecto do espaço ocupado pelo Projeto Flotilha no estande do CEFET durante a 16ª Fenadoce de Pelotas , evento que recebeu perto de 350 mil visitantes e reuniu expositores ligados ao comércio e indústria assim como instituições da região.
À esquerda um monotipo Europa, peça rara construída em madeira pertencente ao acervo do Projeto; a seguir maquete do Rebocador a Vapor Silveira Martins feita pelo ex-aluno Luis Alberto dos Santos; mais à direita, banner explicativo do Projeto e sobre a caixa, bem à direita, projeção de slides do projeto de quilha retrátil desenvolvido pelos alunos Marcus Vinicius da Silveira, Vanesca Borges e Vinícius Bonow sob a orientação do Prof. Márcio Timm.
O Projeto Flotilha, desenvolvido através de convênio entre a Sociedade Museu Marítimo de Pelotas e o CEFET, conta também com o apoio da Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa e da Coordenadoria de Apoio Escolar do CEFET, Revista Velejar, Revista Portos e Navios, Veleiros Saldanha da Gama, Iate Clube de Pelotas e Superintendência de Portos e Hidrovias


Snipe

Veleiro restaurado por Hellen José Florez Rocha  pertencente, anteriormente ao seu tio-avô
.

Velejada do Snipe na Lagoa da Fortaleza, em Cidreira, onde aparecem Ladislau, Roberto e Thiago.
Dados conhecidos:
- construído por Alberto Linenburger sob o numeral 19 482
-comprado em 1980, por Ladislau, tio de Hellen Rocha, de antigo proprietário sócio do Veleiros do Sul;

Cabo Horn

Em reparos   

Vista da proa para a  entrada

Borda comprometida

Beliche de Proa




Toropy


O veleiro Toropy foi construído em 1975 por Ilson Diogo Freitas, do Rio Grande Yacht Club. Seu projeto é da classe Cabanga, embarcação de 19 pés, originária do clube de mesmo nome em Recife.
Tinha um irmão gêmeo, construído por Enio Campelo. Os barcos levaram 2 anos para serem construídos sendo o Toropy  batizado como Giovamar .
O que distinguia os dois era a cor do balão, azul a do Giovamar e verde a do outro.
Trabalhou na execução dos projetos o marceneiro Baptista e as velas foram confeccionadas pelo então afamado Bartolomeu.
Comprado por Paulo Montes Lopes  foi trazido a Pelotas em companhia de Paulo Duval da Silva Lamego e Renato Barbosa Xavier. Posteriormente teve outros donos , entre os quais Antonio Henrique Nogueira de quem foi adquirido por Paulo Renato Baptista. Procedeu-se, na ocasião, a uma reforma completa do veleiro, aproveitando apenas o casco que se mantinha intacto. Esta reforma foi realizada por Paulo Lanzetta. Colocado de volta na água o casco, contudo, foi atacado pelo famigerado gusano o que levou à sua colocação em terra onde permanece, desde então, debaixo de um galpão à espera de nova recuperação.


Um Relato Histórico - Paulo Monte Lopes.
Lendo o livro ‘Conta Todas Vovô – Velejando e Contando Histórias’, de Jorge Vidal, o autor alude ao veleiro Toropy, indicando-me como um de seus proprietários e admiradores, motivo pelo qual seu atual titular, Prof. Paulo Batista, pediu-me uma resenha sobre o mesmo
Na década de 70, conheci-o através da candente palavra de seu idealizador, Ilson Diogo Freitas, do Rio Grande Yacht Club, nas lides náuticas conhecido por ‘Canhão’, inconformado com sua condição na antiga doca de São José do Norte (à bb de sua entrada), pelo desafio que representou sua concretização,   seja pela escolha do projeto de linhas, adequado às condições locais e as dificuldades de realizá-lo naquela época, compartilhada com Ênio Campelo, que construiu um irmão gêmeo, durante 2 (dois) anos, trabalhando todas as noites. Trata-se da classe Cabanga, embarcação de 19 pés, originada da mesma instituição esportiva, situada em Recife, ao sul da antiga área portuária. A obra foi realizada nos galpões do Rio Grande Yacht Club pelo competente marceneiro Baptista, em cedro e cabreúva escolhidos, como ferragens de latão polido. Destaca-se que nessa quadra não eram disponíveis ‘sites’ da Internet com projetos gratuitos para todos os bolsos e tipos de materiais, com dicas à construção amadora ou permitindo consultas. Fora, aliás, seu primeiro veleiro, daí sua especial dedicação. A nau dispunha de enxoval de velas em tecido nacional confeccionadas pelo então afamado Bartolomeu, que exercia seu mister em sala especial do Rio Grande Yacht Club. 
 Seu apreço e carinho evidenciavam-se igualmente pelo nome dado: Giovamar, conjugação dos nomes de seus filhos Giovana e Marcelo. 
Diante de tão boas referências, manifestei-lhe meu interesse, colocando-me em contato com o médico Afonso Henrique Valego Lopes de Miranda, de quem o adquiri. Convoquei o companheiro Ewaldo Longo Marchant para buscá-lo numa tarde de sábado, rumando a pano (o motor de popa, para variar, não funcionou) pelo balizão e canelete em direção ao Clube Regatas Rio Grande, dali para o RGYC, todavia, em razão do forte vento sudoeste e da correnteza adversa, depois de inúmeros bordos na estreiteza do canal e nas condições restritas entre os limites do baixio e o continente, quase sem sair do lugar, embora sem retroceder, já ao entardecer, quando o frio começou a arder, mais ou menos na altura da Capitania dos Portos, hoje V Distrito Naval, ouvimos um ‘tuc-tuc-tuc’ de um motor a gasolina, mostrando um cabo, cujo significado era reboque. Após alguma hesitação, aproximou-se a embarcação, quando reconheci seus tripulantes, João Theodoro Flores e seu filho Romel, que nos permitiram avançar até as proximidades do box que o marinheiro Clarimundo Monteiro (‘Boy’) indicou-nos na marina do RGYC
Na semana seguinte, após revisão do motor de popa, conferência e exame do equipamento, convoquei nova tripulação para conduzí-lo ao Veleiros Saldanha da Gama - VSG, meu clube de origem, situado às margens do Canal São Gonçalo, em Pelotas. Foram companheiros da navegada Paulo Duval da Silva Lamego e Renato Barbosa Xavier. Saímos por volta de 9 h. e às 15 h. já nos encontrávamos na Barra, em Pelotas, onde içamos o ‘spinaker’ que nos conduziu à marina do VSG
 Embora reconhecendo as virtudes da embarcação propagadas por seu construtor, resolvi mudar seu nome. Sabe-se que o nome tem forte vinculação com o veleiro, daí a necessidade de ser marcada uma cerimônia para neutralizar a conjugação de tais forças. Sob orientação do estimado e experiente marinheiro José Freitas (Zezinho), 
  procedí como na antiga tradição, que determinava a necessidade de ser escrito pelo interior da popa, sob a inscrição externa do nome da embarcação, mas, em decorrência, de forma invertida, o nome que lá estava gravado, ou seja, deveria ser observada a mesma forma da escrita externa, que lá fica, só assim poderia ocorrer a gravação do novo nome e o indispensável novo batismo, com madrinha e espumante, sendo, assim, observado o ritual para a denominação que permanece: TOROPY. Podem imaginar quem serviu de madrinha ! 
  
 Não fazia muito que tinha residido em Tupanciretã, cujo território está situado em região que constitui no divisor das águas estaduais. Assim, ali tem nascedouro o rio Ivaí, que corre em direção ao nascente, onde ingressa no rio Jacuí. O Ijuizinho, com direção ao poente, afluente do rio Uruguai. O Jaguari, que desce em direção ao sul, contribuindo na formação do Ibicuí. Mas, tinha predileção, por conhecer suas nascentes, pelo Toropy. Sucede ser formado em terras de um grande gaúcho, verdadeiro baluarte dos valores regionais, um dos homens mais nobres, acadêmico laureado: Luiz Gonzaga do Nascimento e Silva. Nasce no entroncamento do arroio Aguapé com o Lajeado do Celso e o Caneleira, naquele tempo muito piscoso e com rebanhos de capivaras em suas margens. Explicou-me que significava, na língua tupi-guarani, as marcas ou o caminho do gado à água
  Realmente, os vaticínios do ‘Canhão’ foram confirmados. O barco seguiu sua vocação revelando-se simples, robusto e equilibrado, servindo para belas navegadas em companhia também de grandes marujos como José Freitas (cuja memória reverencio), Gilberto Barbosa Xavier, Telmo Coutinho Ferreira, Antônio Adalberto Faria Santos Araújo, Ibsen Francisco Viana e outros. Numa ocasião,   José Freitas, de alma leve, como gostava de subir em mastros e fazer piruetas na cruzeta, nas proximidades da barragem e eclusa do São Gonçalo, enquanto era aguardada sua liberação, voltou a realizar tais exercícios. Na velejada seguinte, o mastro de madeira, que no ponto de fixação da cruzeta era trespassado por parafuso, ali quebrou. Ainda bem que o Zezinho lá não se encontrava sob risco de acidente. Em razão do fato, o mastro de madeira foi atualizado passando a ser utilizado perfil de alumínio, ressaltando-se não terem sido utilizados materiais exóticos. Seu fundo chato é hoje atualizado. 
    Um dos fatos marcantes foi a velejada ao Encontro da Vela de São Lourenço do Sul de 1.978, quando na altura da Ilha Marechal Deodoro foi enfrentado forte temporal de noroeste que obrigou a abrigo em seu lado leste e pernoite. Todavia, ainda madrugada alta, o vento rondou para o quadrante sul fazendo com que tivesse de ser abandonado o abrigo 
    e tomar o destino, onde a chegada deu-se por volta das 9 horas em ótima velejada. O retorno deu-se    com uma lestada e em aproximadamente 10 horas de percurso, mais uma vez o Toropy abraçou-se ao 
 vento e a Netuno
Subir o São Gonçalo até o Sangradouro, ir ao Arroio Pelotas, Barra, Laranjal, Canal do Casco, Areias Gordas, Ilha da Sarangonha eram os passeios semanais
  Em razão de mudança para a Capital, o Toropy foi transferido para meu sócio e amigo Paulo Duval da Silva Lamego, que, ao depois, passou-o ao Prof. Paulo Batista, com quem até hoje se encontra e que, elogiadamente, 
    busca resgatar   sua memória, investindo nos valores mais nobres através da nem sempre observada carga histórica, ligada aos ventos de todas as direções, às verdadeiras amizades e ao espírito indômito do Homem na incessante busca de novos horizontes. 
 Agradeço-te todos os momentos vividos a bordo e a possibilidade de recordá-los. Boa Sorte Toropy 
Março/2004

Fernando e Miriam Marroni,  tripulantes do Toropy    

Entre os tripulantes do Toropy constam Fernando e Miriam Marroni de  presença destacada na política. Na foto Fernando Marroni observa do alto do mastro o que se passa ao redor. 
Restauro
Por iniciativa de Paulo Lanzetta procedeu-se a uma reforma de todo o convés e casario do veleiro com aproveitamente praticamente só do casco. Na foto um momento desta etapa.

Vega

O veleiro Vega foi projetado e construído, em 1961, por Plinio Oscar Werner. Outra hipótese seria ter sido construído por Thor Sanddel, finlandês, sócio do Veleiros do Sul, sob encomenda de Flávio Kroeff Pires mas a primeira informação coincide com a do registro.  
Posteriormente foi adquirido pelo Comandante Carvalho Armando,oficial de Marinha, nas mãos de quem se incorporou  de forma destacada, durante as décadas de 60 e 70, às intensas atividades mantidas por uma flotilha formada por veleiros de madeira. Entre eles  Sapeca, do László Bohm e do Walter Bromberg;  Áurea, do Nilton Barreto;  Scorpion, do Dr. Régis;  Bamba, de Nivaldo Cavalli;  Tobago, de Paulo Ribeiro;  Mero, do Marcelo Bueno;  Caminito, do Oscar Nieto;   Tornado, do Astélio Santos;  Regina, do Renato Volpe e   Martha de Jorge Vidal . Como tripulantes do Vega nestas competições estavam arrolados M. Schultz e J. A. Schultz. Nas fotos abaixo a bordo do Vega, à esquerda, o Cmte.Carvalho Armando com seu filho; à direita, Átila Bohm, filho de László Bohm do veleiro Sapeca contemporâneo do Vega. A seguir fotos do Vega em sua condição atual.



Cabine vista externa
Cabine vista interna


CARACTERÍSTICAS
Comprimento 7,05 m -23 pés
Contorno 3,43 m
Pontal 1,10 m
Boca Max. 2,18 m
Calado Máximo 0,65 m
Carga 1,592 t










Foto do interior da cabine que permite ver um grande número de placas comemorativas de regatas ou outros eventos dos quais o veleiro VEGA, inicialmente com o nome de HOBBY, participou intensamente.
Entre as placas destacamos a comemorativa da participação na Regata Montevidéu-Porto Alegre, em 1963, no trecho Rio Grande-Porto Alegre


Reproduzimos na tabela abaixo as inscrições destas placas.

1ª Regata
1963
Montevidéo
Rio Grande - Pôrto Alegre
2ª etapa
"HOBBY"
PARTICIPANTE

Dª Nabiade
"Zero Hora"
6-9-64

Regata Desertas- 5- 10 - 68
Hobby
com. C Armando
Trip  N Furtado
N Cavalli
C Eduardo

Dª NABIADE
"ZERO HORA"
3º L  NABO
"HOBBY"  6-9-64

NABIADE FAMILIAR
VEGA
2º CL  C

PREMIO LEOPOLDO GEYER
"NARDOS"
1º HOBBY

NABIADE ANGULAR
9-8-69
VEGA
1º CL  C

NABIADE ABRILINA
3º CL  C
VEGA
18-4-970

NABIADE TRIANGULAR
2º CL  C
HOBBY

NABIADE AO JUNCO
6-04-68
HOBBY
SOLIDARIEDADE

NABIADE NOTURNA
1º CL 
HOBBY

V.NABIADE
OFERTA GRAMEX
4º Lugar
Hobby
16-4-65

FVMRGS
COPA RIO GUAIBA
CL C - 1ºLUG. -VEGA
O.CARVALHO E GIRA BIRA

'HOBBY"
1º BARCO QUE ANCOROU
NA NOVA SEDE
CIDADE DE RIO GRANDE, FEVEREIRO DE 1963

FED. DE VELA E MOTOR DO RGS
VELEIROS D SUL
DIF. ESP. EST.R.G.SUL
"TROFEU SEIVAL"
CLASSE "B" TEMPO CORRIGIDO
3ºLUGAR
BARCO VEGA
CMTE - .... - CARVALHO ARMANDO
ARMANDO SCHULTZ - JOSE CARLOS SCHULTZ




REFERÊNCIAS

1) A notícia abaixo, publicada na Folha da Tarde em 21/09/1970 , menciona o veleiro Vega, tripulado por Carvalho Armando, M.Schultz e J.A.Schulz. Na classe B sua classificação foi terceiro colocado.



2)  Esta e outras notícias fazem parte da coletânea  "Troféu Seival há 40 anos na imprensa"  feita pelo Veleiros do Sul de notícias publicadas na imprensa. Acompanhe aqui